História

Amadeu Deolindo

Tema:
Estrada de Ferro Bahia-Minas
Personagem:
Márcio Achtschin

Amadeu Deolindo

Transcrição:

- Amadeu Deolindo.

- Seus pais

- Antônio Deolindo

- E sua mãe?

- Maria Brasilina Deolindo

- Quantos anos você tem hoje?

- Aí eu não posso nem falar. Graças a Deus, meu filho, Deus já me deu a oportunidade. 89 anos,

- Teve irmãos.

- Nove. Um era Bahiminas também faleceu em Belo Horizonte. Eu sou de Helvécia. Mas aonde eu nasci fala que é um lugar que chama Escondido.

De escondido. Eu vim pra Ribeirão. De Ribeirão, eu me criei, virei rapazinho e vim para Helvecia tirando lenha como já falei e botando na margem da linha. E daí com 17 anos eu fui embora para Teófilo Otoni vim com a minha avó. Cheguei aqui, adoeci, aquela doença que chama... catapora? Fiquei mal, fui pra ladainha, na casa de um tio meu que chamava Cesário e de lá, quando eu melhorei, vim parar aqui.

Fiquei uns dias aqui que eu falo que eu fiquei aqui na casa de meu tio Júlio Costa. Os dias depois eu fui para casa de Dador e quando na casa de dador fui virando rapaz e desenvolvendo. Fui morar embaixo de uma caixa d'água que tinha aqui para lá da casa de Maria. Um pouquinho que era da Bahiminas que tinha um quartinho de uma casa cheia de rapazinho que eu fiquei uma temporada.

Aí daí foi desenvolvendo, trabalhando, pegando mais conhecimento. Foi pro Tiro de Guerra que dá muita instrução a pessoa que a gente fica muito instruído no Tiro de Guerra que eles ensinam muita coisa a gente fica no meio de muito, no tempo que eu servia 120 homem, né, rapaz? E tinha. E era só dois sargentos. Sargento Amélio e Sargento Carmindo que era nosso instrutor. E com isso fui desenvolvendo. Resolvi... casei. Aí fiquei criando a família, criei minha família com 30 e poucos anos de idade, veio o problema da visão, já trabalhando na Bahiminas. Veio problema da visão. Fui tratando, tratando, Operei muitas vezes, muitas operações mesmo lá no Hospital São Geraldo de Belo Horizonte, mais não teve recurso. Pedi o Dr. Luiz Milani Quando descobriu que eu tinha glaucoma, achou que eu já nasci com essa maldita da doença que ela é hereditária. Vocês deve deve ter visto falar. Que hoje gente não faz mais glaucoma, só fala pressão e pressão visual. E com isso eu criei a minha família toda.

- E como é que foi a sua infância lá em Helvécia

- Nós frequentava muito os baile da roça, e a gente ia lá. Eu e meu colega. Ele era pandeirista e nós cantava muitas músicas que "nós inventava" e o pessoal dançava e a gente que era criado na roça, rapaz dentro da lavoura, que só no dia de sábado e domingo que a gente saía para o comércio, um “populadozinho” e que o comércio lá é pequeno. Tomava banho. Passava... tinha uma folha que chamava uma folha que lá a gente falava folha de beque. Passava embaixo do braço para tirar o mau cheiro quando ficava com mau cheiro de suor. Sabe?

E eu ia pro comércio e chegava aqui. E ia paquerar. Quem anda por lá agora vê já aumentou foi muito, cresceu muito, mas era um povoado pequeno Helvécia. Mas eu vim muito novo, não aproveitei nada de Helvécia... as coisas de Helvécia... que nós foi atravessando a vida

- Com quantos anos começou a trabalhar na Bahiminas?

- 17 anos que eu vim, Não demorei nada, trabalhei fora. Depois me curei da catapora... da bexiga que se fala... aqui também eu vim. Trabalhei uns dias na Serraria de Arthur Ferreira, onde é a prefeitura hoje depois eu fui trabalhar de ajudante de ferreiro. O senhor Lialtero, Estava de licença especial naquele tempo de seis meses na Bahiminas, esse pessoal mais velho tinha licença especial, seis meses. E aí ele tinha uma ferraria fora, de fazer haste de carroça, eixo de carroça aí foi minha vida. Comecei a trabalhar com ele, que quando ele venceu a licença dele especial, ele veio embora trabalhar voltando pro serviço dele. Aí já me trouxe, era chefe, me trouxe, Empreguei na Bahimina, trabalhando Aí veio a idade, 18 anos, né? Fui pro Tiro de Guerra.

- Trabalhou quantos anos na Bahiminas?

- Trabalhar... Trabalhei 12 anos. Aí vem o problema da doença que eles dava, antigamente, falava... Artigo 104... fiquei de licença. Aí, doutor Luiz me mandou pra Belo Horizonte fazer os exames de vista. Constatou o glaucoma, foi operando... Operei, operei, operei essa vista aqui em dez operação de cá, fechei com o Dr. Ilton Rocha, que falou o médico famoso. Era melhor do que a gente falava do Brasil. Era Doutor Ilton Rocha que eu operei com ele, mas a glaucoma para pessoas que era mais nova. Com o meu tempo, comecei a sofrer. Como diz Doutor Luiz: acha que eu já nasci com ela. É muito difícil ver... ter cura.

- Como é que era a rotina do seu trabalho?

- Era bater marreta. Depois fui. Logo, logo eu aprendi trabalhar, eu mesmo, fazer. Primeiro tinha uma ferramenta chamada atanásia pra pegar o ferro quente, pra botar na bigorna, outro batia pra fazer, dependendo a peça que tinha que fazer, que vinha tipo várias qualidade de peça pra gente fazer. Aqui as locomotivas, máquinas grandes vinha na estrada, no que elas faziam o movimento, as vezes quebravam a barra de ferro, quebravam a peça, perdia o balanço, jogava uma peça fora e chegava aqui. Estava faltando aquela peça. A gente tinha... Aqui tinha um outro grupo que trabalhava pra fazer... A gente fazia as peça e eles iam colocar no lugar da outra que perdeu no caminho. Chaveta... tinha várias peça. Qualquer peça que perdia a gente tinha que fazer.

- Do que você sente mais saudade daquela época?

- Rapaz, eu sinto muito saudade do meus amigos que foi tudo embora. Quando acabou, a Bahiminas foi extinta. Bahiminas... que a gente da Bahimina era meio afastado um do outro. Quando o Dr. Oscar Leite falou: não todos vocês é uma Irmandade. Aí nós reuniu todo e deram classificação pra quase todo mundo que não era classificado... foi classificando a gente... Por exemplo, a classificação tinha a minha classe de ferreiro, tinha a classe de torneiro, telegrafista, de agente. Cada um tinha uma classificação, mas tem um mais alto que o outro. Aí vinha que vinha um ordenado da gente que formava o ordenado. E as relações de trabalho.

- Tinham assistência, salário?

- Aí vinha a classificação. Cada um tinha um salário mais alto do que o outro. O mais sofredor tinha um salário mais baixo. Era o tal do garimpeiro... bater prego, trabalhar, tomar sol, chuva na linha para conservar a locomotiva que vinha pesado, que balançava que tinha de socar, linha para ficar tudo no nível os trilho era tudo nivelado certinho para não poupar marca de em carrear. Dava um monte de trabalho. Tinha que cortar, motor, nozinho que suspendia a linha para botar para nivelar. Tinha aí que vinha aqui o feitor de linha e depois tinha um mestre de linha, tudo para conservar, ver se estava tudo certo, para soltar as mão, porque se tivesse alguma coisa que não tivesse legal, a locomotiva não ia. A gente e tinha o telegrafista, a gente, a gente da estação era para mandar os telegrafista vinha. Que é que fazer isso? Dava isto aqui? Olhe, eu ia ter batido com o dedo o telegrafista aí dava o sinal. Você não vê a sina que batia. Quando chegar da estação que o trem ia sair, bater no sentar, pode sair. Aí o maquinista saía.

Se não batia, não dava sinal, porque tinha água em terra... em terra... como no caso da estrada na linha que a máquina tinha que deixar pé, parar aquilo para poder passar, porque viajava muito. Não, eu não viajei pouco, porque toda a vida meu serviço foi parado dentro da serraria. Era só trabalhar com fogo. Também viu que a bigorna a folga era para fazer o ferro virar. Vamos fazer várias peças dessa que quer fazer... para fazer as da estrada de ferro. A viagem a pé, houvesse mais saída que houvesse, só o que é que aconteceu que eu vim? De que você? É que antigamente a mala eu tive a mala. Eu não sei como é que foi que a minha mala perdeu. Voltou. Não tem que sair de ponta de areia que eu cheguei aqui em que eu fui procurar minha mãe. Não achei. Conversei com meu chefe, mandou volta, eu voltei no trem, fui para a ponta de Ali pegar minha mala, me ter esquecido antigamente a mala para roupa que até dinheiro dentro da mala de 20 ml parece, não sei lá,

Peguei uma viagem para Ponta de Areia, mas aquilo foi viajar. Fui pegar minha mala que tinha voltado, mas para o trabalho não é? Pode ser de areia, de um casco, porque um depósito é preparar as locomotiva também, igual a nós, preparado aqui porque vinha muita de Bravo de Holanda, que carregava madeira, que levava aqui uma máquina que só trabalhava na noite a ponta de areia, carregar madeira. E quando saiu um trem de carga daqui, de que operatório chegava em Nanuque? Outra máquina, pegava outro trem cargueiro, pegava que ia até a ponta de areia.

E nós apostólicos 17 Portanto, a gente. A da Bahia todo tinha o felídeo, né? Não tinha o que não tinham do que o apelido. E aí cada um falava de um outro e aí eu ia botar o apelido de como é que ele bebe. Homem é.

Porque que ficar? Xingava tanto o pessoal que vinha da Bahia e tu? Nós botava um apelido? Eu não. E aí ele disse que eu vi um bocadinho chupando picolé, né? Eu fiquei olhando esse riso que conta isso. Eu fiquei olhando, olhando. Agora não quando todo mundo acabou, que quando eu homem me deu uma breve olé, aí que é isso? Você bebe o leite que está enfiado na pau.

graças a Deus.

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